Seu filho costuma fazer manha para dormir? Saiba por que acontece e como lidar com essa situação de acordo com a idade
Dormir é um momento de separação. “A criança se desliga do mundo e mergulha em outro só dela, o de seus sonhos, como se fosse uma pequena ‘morte’”, diz a psicóloga Renata Kraiser, autora de O Sono do Bebê (Ed. CMS). O ato de ligar-se e desligar-se gera ansiedade, por causa do distanciamento ou porque a criança não quer “perder” nada enquanto dorme.
Até 1 ano
Nos três primeiros meses, o bebê precisa ser atendido quando solicita, já que mama por livre demanda. Dos 3 aos 5, começa a compreender melhor o mundo. Por isso, a partir dos 6 meses, os pais já podem ensiná-lo a esperar gradativamente, se chorar no meio da noite.
O neuropediatra Antônio Carlos de Faria, do Hospital Pequeno Príncipe (PR), recomenda que a família estabeleça uma rotina tranquila na hora de dormir. Isso inclui ter horários definidos, evitar brincadeiras agitadas e outras atividades que estimulem o sistema nervoso central – a
exemplo da TV e de outras telas – duas horas antes de ir para a cama, manter o quarto escuro (ou com abajur), entre outros rituais que os pais julgarem efetivos.
De 1 a 3 anos
Por volta de 1 ano e meio, com o início da aquisição da linguagem, já dá para comunicar que chegou a hora de dormir e levar a criança para a cama – o ideal é entre 20 e 21 horas
– mesmo que ela fique contrariada. “Até os 2 anos, cantar, embalar e fazer massagem são elementos que tornam esse momento mais tranquilo e prazeroso”, aconselha Renata. Coloque o bebê no berço quando estiver sonolento, porém, ainda acordado. Do contrário,
ele pode se acostumar mal e solicitar a indução do sono no colo várias vezes, madrugada adentro. Por volta de 3 anos, a criança já mistura fantasia e realidade e pode sentir medo. “Os pais devem, então, garantir que estão ali para protegê-la de todos os perigos, reais ou imaginários”, completa.
A partir de 4 anos
Se o seu filho ainda cria caso para dormir, provavelmente o mau hábito foi adquirido quando ele era bebê. As birras começaram agora? Pode ser por conta da confusão entre o real e o imaginário, do quarto escuro (e dos monstros que podem aparecer ali!), capazes de despertar o temor. Em vez de ignorar tais sentimentos, mostre que ele está protegido em casa. Além disso, vale prestar atenção à rotina. Muitas vezes, mesmo quando ela está bem estabelecida, esse tipo de birra pode se manifestar em períodos específicos, como a volta às aulas – encerrando a dinâmica das férias, em que os pais costumam fazer concessões. “No caso domeu filho, qualquer vacilo nesse sentido gera irritação, especialmente na hora de dormir”, conta a analista de sistemas Michele Rodrigues, 35, mãe de Pedro, 5. Por isso, todas
as noites, a família tenta manter um ritual: banho, leite, escovar os dentes e contar uma história.