Há pouco mais de um século, as crianças foram sendo descobertas como seres humanos singulares, com necessidades e vontades próprias. Foi então que começou a oferta de materiais infantis para educação delas como os livros, revistas, miniaturas e brinquedos. Estes objetos, de caráter imaginativo e divertido, ajudam na compreensão do mundo adulto que, além de múltiplo e cada vez mais virtual, é essencialmente letrado.
Isto quer dizer que, desde muito cedo, as crianças são incluídas em um mundo no qual palavras escritas estão impressas nos mais diversos meios, como livros, revistas, placas de trânsito, avisos no metrô, cartões de banco e embalagens de biscoito. Todas as palavras, porém, são carregadas de significados e seus sentidos vão sendo descobertos pelas crianças na medida em que elas fazem uso em práticas sociais – ou não o fazem. Quer dizer: em famílias cujo ambiente é bastante letrado (culto), as crianças compreendem o uso da palavra escrita por meio de atividades que seus pais, familiares e amigos desenvolvem para comunicar-se e expressar-se. Em contrapartida, nos lares em que os pais sabem ler e escrever pouco, elas acabam copiando letras, sem compreender sua função na escrita.
Isso explica como as crianças estão ligadas nas letras e tentam memorizá-las associando-as a formas já conhecidas, dando-lhes características possíveis de uma identificação rápida em seu repertório. Nesse sentido, letrinhas de sopa, chocolate ou biscoito podem tornar-se ferramentas de compreensão da escrita muito prazerosa.