Muitos pais chegam ao consultório do fonoaudiólogo do filho cheios de dúvidas… Veja aqui as respostas às questões mais comuns trazidas aos profissionais:
Há alguns motivos para as pessoas procurarem um atendimento fonoaudiológico. Seja por orientação da escola ou do médico, sugestão de um familiar ou até mesmo o famoso feeling,percebo que muitas dúvidas surgem nos pais e acompanhantes mesmo antes do primeiro contato com um profissional da área. Atire a primeira pedra que nunca ficou com vergonha de perguntar algo durante a consulta, não é mesmo?
Então, ao invés de dizer “Doutora, eu não quis te questionar na hora, mas…” ou “Meu filho vai a um fonoaudiólogo e eu não sei se está adiantando. Será que devo procurar outro?”, dê uma olhada nas dúvidas mais recorrentes que você gostaria (e deveria!) trazer ao fono que atende o seu filho:
O fonoaudiólogo é o profissional apto a avaliar e diagnosticar alterações na fala. Além de ter um conhecimento teórico sobre o desenvolvimento típico de linguagem que embasa a observação clínica do profissional, ele pode utilizar diversos instrumentos que auxiliam no diagnóstico da criança. Assim, durante a avaliação (que, normalmente, tem duração de até quatro sessões), ele utiliza testes e protocolos, faz gravações de áudio/vídeo e também aplica questionários aos pais. Notem que, muitas vezes, a avaliação é “disfarçada”, ou seja, em brincadeiras e conversas com a criança.
As crianças pequenas aprendem brincando! Seja na escola, em casa, ou no consultório do fonoaudiólogo, é por meio das brincadeiras que elas vão aprender e se desenvolver. Desta forma, para tornar o processo terapêutico mais atrativo para o paciente, nós utilizamos brinquedos, jogos e até dispositivos eletrônicos. A grande diferença entre o brincar fonoaudiológico e a brincadeira em casa é que os jogos oferecidos ao paciente não são escolhidos aleatoriamente com o intuito de ele se divertir. Nós os utilizamos como instrumento para criar oportunidades e trabalhar a dificuldade apresentada pela criança.
Por exemplo, se o paciente tem alteração na produção do som “P”, eu posso sugerir brincarmos com um jogo de memória no qual os objetos têm nomes iniciados com essa letra. Se uma criança ama carrinhos e precisa trabalhar de forma específica a musculatura da boca, eu posso brincar de corrida e, enquanto o carrinho anda, ela tem que fazer a vibração dos lábios. E assim por diante…
Cada caso é um caso. Algumas melhoras acontecem muito rapidamente e outras demoram um pouco mais. Entretanto, todos nós – incluindo pais e pacientes -, precisamos ter parâmetros para julgar o bom andamento (ou não) de um processo terapêutico.Talvez a evolução seja menor do que esperada ou se restrinja a apenas um dos aspectos que precisam ser trabalhados, mas alguma melhora deve ser percebida. Se mesmo assim você continuar em dúvida, pergunte ao fonoaudiólogo e peça para ele dar exemplos da melhoria. Algumas vezes, a expectativa é grande e os pais não percebem o quanto a criança já mudou. Mas se já se passaram seis meses de trabalho e nada foi modificado, é hora de rever os trilhos da terapia e talvez pensar em outras estratégias para sanar a alteração.
A duração depende principalmente do distúrbio ou da alteração que o paciente apresenta, mas também de fatores como a evolução individual durante o tratamento, o comprometimento do paciente e a dedicação da família (assiduidade e pontualidade são fundamentais!). O tempo médio da terapia para alteração funcional da voz costuma ser de seis meses. Já para crianças que nascem com deficiência auditiva, esse tempo pode ser de alguns anos, uma vez que o terapeuta acompanhará desde o desenvolvimento de linguagem oral até a fase da alfabetização. Mas uma regra é certa: o tratamento se dará de forma contínua até que a alteração cesse.
Quer ter uma ideia? Acesse o documento Guia de orientação ao fonoaudiólogo: Balizador de tempo de tratamento em Fonoaudiologia, criado pelo Conselho Regional de Fonoaudiologia. Lá é possível ver o tempo médio de duração de um processo terapêutico, bem como o número mínimo de atendimentos por semana e a duração recomdandada da consulta/sessão para cada tipo de distúrbio. Mas, vale lembrar que há variações individuais que podem aumentar ou diminuir o tempo de tratamento.
Ao receber a liberação do profissional, espera-se que o paciente já tenha superado suas questões fonoaudiológicas e esteja apto a lidar com algumas dificuldades que, por ventura, possam surgir. É de praxe que haja um desligamento gradativo para que o profissional possa acompanhar a evolução. Por isso, depois da alta dos atendimentos semanais, o fonoaudiólogo pode propor acompanhamentos quinzenais, mensais e/ou reavaliações semestrais. Aos pais e pacientes, a dica é não esquecer as estratégias e exercícios aprendidos. E, caso percebam alguma recaída, corram para o consutório!
Por fim, vale lembrar que a transparência e a confiança entre o profissional e a família (e vice-versa) é essencial para relação e também para o avanço no processo terapêutico fonoaudiológico. Conversar é fundamental.
Retirado do Blog da Lílian Kuhn. Leia mais aqui.