Mulheres que doam seus leites para os Bancos de Leite, espalhados pelo país, ajudam no restabelecimento da saúde de bebês que estão na UTI em estados graves.
Se você amamenta ou já observou um recém-nascido mamando consegue entender a importância desse ato. O bebê sempre parece feliz, extremamente entregue ao momento, em saciedade e plenitude. Não é para menos. Esse leite alimenta, hidrata, acalenta, revigora, fortalece e imuniza o organismo do bebê, garantindo-lhe crescimento, físico e neurológico, saudável. O problema é que diariamente nascem bebês em condições de saúde frágil – prematuros ou com problemas de saúde – e que também não podem ser amamentados pelas próprias mães. “Muitas vezes, a parturiente tem complicações no parto, ou já era doente ou encontra-se em estado de estresse, fatores que impedem a amamentação ou reduzem muito a quantidade de leite que ela produz”, explica Miriam Santos, pediatra e coordenadora da Rede de Bancos de Leite Humano, do Distrito Federal, e vice-presidente da Comissão Nacional de Bancos de Leite Humano. Essas crianças precisam de auxílio urgentemente. E as mães estão em condição pouco favorável para pedir ajuda.
Os Bancos de Leite foram idealizados com essa intenção: reduzir a mortalidade neonatal, fornecendo leite humano para recém-nascidos prematuros, em estado de fragilidade, que não tem leite humano à disposição. Também têm a missão social de alertar sobre a importância do aleitamento e estimular a doação de leite humano para a recuperação de recém-nascidos. Mas essa meta tão nobre só poder ser executada se houver nutrizes dispostas a doar leite.
O primeiro Banco de Leite surgiu em 1943 e foi instalado com sede no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, (IFF/Fiocruz), no Rio de Janeiro. Nessa primeira década, conseguia-se, no máximo, a doação de 4 litros de leite humano por dia. Eram muitos bebês não atendidos. Porém, a instituição cresceu em número e expertise. Em 1985, um engenheiro de alimentos, João Aprígio Guerra de Almeida, e um microbiologista, Franz Novak, abraçaram a causa e dedicaram-se para encontrar um procedimento de pasteurização e armazenamento doleite humano. E como trata-se de uma necessidade em larga escala, o novo padrão deveria ser extremamente seguro, mas também com baixos custos. Conseguiram, e o fato significou um avanço enorme para os Bancos de Leite. A aplicação desse método foi um sucesso e trouxe resultados diretos para a melhoria da vida neonatal no Brasil. Prova disso foi que, em 2001, a Organização Mundial da Saúde condecorou o trabalho dos Bancos de Leite como a iniciativa que mais reduziu a mortalidade neonatal no mundo na década de 1990.
Hoje, o Brasil possui 216 Bancos de Leite e 119 Postos de Coleta, distribuídos pelos mais variados estados do país. É considerada a mais complexa rede de distribuição de leites humanos no mundo. Em muitos estados, é o corpo de bombeiro que recolhe o leite na casa das doadoras, porque se entende que essa é uma forma eficaz de salvaguardar vidas. E você pode participar dessa ação do Ministério da Saúde. Basta ser saudável e não tomar remédios que interfiram na amamentação.
De uma coisa você pode ter certeza: mesmo doando, não faltará leite para o seu filho. O organismo é inteligente e repõe o leite assim que a mama esvazia. O Banco de Leite Humano tem bastante experiência nessa área. Está fazendo 72 anos e atua tanto no fornecimento de leite humano para UTIs neonatais quanto no atendimento de mulheres que procuram orientações sobre aleitamento. Seja qual for o seu caso, entre em contato com o Banco de Leite, pelo Disque Saúde, no 136, para receber ou oferecer ajuda. Só não se esqueça de que o seu leite tem o poder de revitalizar e doar saúde, para o seu filho e também para outras crianças. Se apodere desse benefício maravilhoso e considere a possibilidade de ser uma doadora. Veja, a seguir, como é fácil participar dessa ação.
OS QUATROS PASSOS PARA DOAR
1. Selecione o frasco
– Separe um frasco de vidro, com boca larga e tampa de plástico. Retire o rótulo e o papelão da parte interna da tampa.
– Lave o frasco e, em seguida, ferva-o, deixando-o imerso na água por 15 minutos após levantar fervura.
– Seque sem colocar as mãos na parte interna da peça.
2. Prepare-se!
– Antes de retirar o leite, lave as mãos, os braços (até o cotovelo) e as mamas. Seque-os com uma toalha limpa.
– Cubra o cabelo com uma touca, o nariz e a boca com um pano ou fraldinha limpos.
3. Retire o leite
– Massageie as mamas, com as pontas dos dedos, no sentido circular, na direção das aréolas para o corpo.
– Coloque os dedos indicador e médio embaixo da aréola e o polegar acima dela. Firme os dedos e empurre-os para trás em direção ao corpo.
– Pressione o polegar contra os outros dedos até sair o leite. Despreze os primeiros jatos ou gotas.
– Coloque a boca do frasco na mama, embaixo da aréola, e colha o leite. Enquanto isso, a tampa deve ficar sobre um pano limpo, com a abertura para cima.
4. Armazene-o corretamente!
– Anote a data e o horário da retirada do leite na tampa. Feche bem o frasco e armazene-o na geladeira ou no congelador.
– Caso queira retirar mais leite para juntar ao já estocado, ferva por 15 minutos um copo de vidro, colha o leite como já explicado e coloque-o no frasco de vidro, sobre o líquido já colhido e congelado.
– Importante: o leite deve ser doado antes de completar 10 dias da primeira retirada. Não importa a quantidade que você conseguiu, qualquer conteúdo, se bem retirado e armazenado, é fundamental para os bebês. Doe!
DOAÇÃO DE LEITE EM NÚMEROS |
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• O primeiro Banco de Leite surgiu em 1943 no Brasil • Hoje, temos 216 Bancos de Leite pelo país • Há 119 Postos de Coleta espalhados por todos os estados brasileiros • Em 2014, 509 litros de leite são doados diariamente em todo o país, quantidade ainda modesta frente à necessidade • Cerca de 179 mil bebês receberam doação de leite no ano passado • 136 é o número que você deve ligar para saber mais informações ou para solicitar que o seu leite seja retirado para doação |
Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Doacao-de-Leite-Materno/noticia/2015/07/doar-leite-recupera-vidas.html